A Terra e as energias solares.

Se você não sabe o que é a Roda do Samsara deve saber, contudo, o que é a Lei do Retorno. Ambas são sinônimas. Desde o antiquíssimo Egito que o homem tem a firme convicção de que está preso a esta Roda, ao ciclo de Vida e Morte. Acho que somente o Cristianismo Católico enveredou pela idéia de que só se vive uma vez e é nesta única vez que se tem de conseguir a salvação ou ser condenado para sempre amém. Quando, contudo, se considera o tempo de vida psicológica adulta, ativa, produtiva, construtiva de uma pessoa, não se pode aceitar de modo algum esta idéia absurda. Por que o Criador de Todos os Universos, que não demonstra pressa em nada que faz, daria ao homem uma única chance de atingir a Iluminação ou, como querem os católicos, a salvação? Ensinam o Budismo indiano e o Taoismo chinês que em uma única vida é possível a alguém sair do Samsara, mas para tanto é necessário adotar determinados procedimentos comportamentais em seus três corpos de manifestação: mental, emocional e físico. Pode-se perfeitamente concordar com esta assertiva e aceitar sua premissa. Mas isto não anula a benemerência divina, que dá à Sua Criação tantas oportunidades quantas sejam necessárias para que finalmente acerte o Caminho.

Seria bom que o Papa revisse conceito tão arcaico e desse exemplo de humildade aceitando a hipótese mais coerente com o Criador: aquela da transmigração da alma ou do espírito. E a propósito: qual é a diferença que há entre alma e espírito? Geralmente toma-se uma pelo outro como se fossem palavras sinônimas, mas não são. A Alma é um sopro elemental, passageiro, que anima os corpos de manifestação de todos os seres vivos na Terra (e, quiçá, em outros planetas cujas vidas manifestadas na Forma sejam semelhantes às que aqui se manifestam). Em última análise, a alma de todos os seres vivos é a Energia Fôhat animando a Matéria em diversos níveis. Energia que dela se retira quando o objetivo da construção material tenha sido alcançado. É, então, que se diz comumente que a alma morre. Não é que ela realmente morra, no sentido niilista que este vocábulo contém. Nada morre no Universo. Tudo nele é perene. O Fôhat que se vai não se extingue só porque saiu da forma material que animou por um tempo determinado. Vai integrar outras correntes foháticas, quando, então, irá desempenhar novas funções Cósmicas. Não leva consigo a memória da atividade material que animou por um tempo. Esta memória fica gravada para sempre na Luz Astral ou Luz Ódica, como é conhecida na Magia Elemental. Afinal de contas, “na Natureza nada se cria nada se perde; tudo se transforma”. E é aqui que está o cerne do estudo sobre a Roda do Samsara.

Na Luz Astral (Matéria Astral, se assim preferirem) ficam registrados todos os fenômenos e todos os acontecimentos emocionais, psíquicos e sensoriais vivenciados pelos seres vivos. Se você imagina a Luz Astral como fluindo num determinado sentido, com uma determinada direção – apenas como meio de facilitar a compreensão do que aqui digo – então, qualquer fenômeno, qualquer processo, qualquer ação que um ser vivo cometa e que se manifeste na Luz Astral contrários à sua corrente natural, causam perturbação e têm que ser corrigidos. No que tange ao ser humano, isto lhe acarreta responsabilidades que são somente suas e são, portanto, individualizadas. Assim, cada indivíduo é totalmente responsável pela perturbação a que deu origem em função de seus modos de pensar, sentir e agir. E se é sua responsabilidade individual somente ele tem o direito e o dever de corrigir o que construiu que perturbou o fluir sereno da corrente astral. Em palavras simples e claras, eis a razão da Lei do Retorno ou da existência da Roda do Samsara.

Como entramos e porque entramos na Roda do Samsara não vem ao caso. O que interessa é que estamos nela e ela não é nada agradável. É conhecida, entre os Teosofistas, como A Mó das Almas. E é mó porque, como aquela que mói o trigo, esta Roda mói a dura casca que recobre e cega o Espírito Humano. Casca de vícios que ele adquiriu quando se deixou mergulhar no Mâyâ e ser por este dominado. Uma casca que, para ser quebrada, necessita de grandes sofrimentos e grandes dores. Por isto é premente para qualquer Espírito Humano safar-se desta Roda.

Mas eis a grande pergunta: como se deve proceder para se sair do Samsara?

Ora, desde mesmo antes do advento do Filho de Deus feito Homem na Terra que outros avatares aqui estiveram sempre com o mesmo propósito: ensinar aos homens o caminho da Iluminação ou da Salvação. Mas se é verdade que tantos avatares iluminados desceram aqui, neste mundo infernal, para nos ensinar a Senda, por que razão a humanidade ainda não aprendeu sua direção? A resposta é simples: porque o Espírito, ao mergulhar na Matéria, por ela se torna dominado. Sua consciência divina se obnubila e a consciência da Alma Material predomina. E para esta, a realidade mayávica é a realidade que conhece. E é para esta realidade que a Alma Mortal se volta, pois nasceu dali e só conhece esta realidade.

Mas se vivemos totalmente mergulhados na Matéria e somos dominados pela consciência da Alma mortal, então, não temos salvação. Estamos e permaneceremos eternamente condenados ao Samsara…

Não. Isto não é verdade. O Espírito Humano não passa por esta realidade ilusória à-toa. Sua missão não é retornar à casa do Pai e ali permanecer num mundo beatífico, eternamente prazeroso e inútil, não. Deus é Ação. Ação é Movimento. Movimento é Criação e Criação é Amor. Então, Deus é Amor, pois Ele está eternamente criando. O Espírito Humano tem de prosseguir espuído de toda sujeira do Mâyâ. Assim limpo, Ele deve também ser um Criador Cósmico. Um dos muitos braços de Deus no Espaço Infinito. É por isto que se diz, em quase todas as religiões, que cada ser humano é o próprio Deus em manifestação material e espiritual.

Tudo bem, dirá o leitor. Mas você ainda não me disse como devo fazer para me safar da Roda do Samsara.

É verdade. Por isto, vamos lá. Sair do Samsara é fácil como respirar, mas é concomitantemente tão difícil como voar sem asas. É uma assertiva antagônica, mas é real, clara e objetiva. Se não, vejamos:

1 – Conforme sentenciou o Rei dos Reis: “O que mata não é o que entra pela boca, mas o que dela sai”. Pronto! Jesus deu a chave mestra para se abrir a porta da Salvação. Fechar a Boca. Não em relação ao alimento carnal, não. Fechar a boca para não dar substância a pensamentos e reações emocionais densas, pesadas, negativas, más.

2 – Costuma-se dizer que “os olhos são o espelho da alma” e isto é verdadeiro. Mas também é verdade que a palavra é o prenúncio da tempestade. Esta assertiva corresponde àquele dito popular que afirma que “quando um não quer, dois não brigam”. Praticar o SILÊNCIO é um dos passos importantes para o escape ao Samsara. Mas acredite, não é nem um pouco fácil saber silenciar. Tente e estará iniciando o caminho de sua libertação.

3 – “Vigiai e orai para que o inimigo não vos pegue desprevenido”. Já falei a respeito deste mantra de salvação ditado por Jesus a seus discípulos e, por extensão, a toda a humanidade. Quando Maria Santíssima, o Buda Avalokiteshiwara, apareceu aos três pastorinhos na Gruta da Iria, em Portugal, mandou que as pessoas rezassem o terço. Por que será que orar o terço cristão é tão importante para que o Buda Avalokiteshiwara , na forma da Mãe de Jesus, que Ela realmente foi, viesse insistir em que os povos praticassem este ato religioso? certamente não foi para ratificar a Religião Católica, não. É porque quando se ora, obriga-se a Mente, a mais rebelde forma de manifestação da Alma Mortal que temos, a se domesticar e a se firmar numa única direção: a direção da Divindade. No início a mente se rebela e flutua teimosamente trazendo à recordação, enquanto se pronunciam as palavras mântricas do terço, lembranças as mais disparatadas, buscando assim tergiversar a Mente humana e retirá-la do Caminho. Mas com o passar do tempo, tal e qual acontece quando se pratica halterofilismo, o Corpo Mental se adéqua ao mantra do terço e isto fortalece o Espírito, pois a Mente se torna dominada pela Oração e se curva, finalmente, à adoração do Divino. É por isto que o Evangelismo leva seus praticantes a se perderem do Verdadeiro Caminho. Evangélico não ora. Evangélico nega Maria Santíssima, logo, nega o Buda Avalokiteshiwara, a quem ficou o encargo de Salvar da perdição a Humanidade. Os evangélicos acreditam que cantando hinos de louvor estão adorando a Deus na pessoa de Jesus. Mas cantar hinos em grupo e de modo altissonante pode, no máximo, levar a uma euforia passageira. A oração é o único meio que o Espírito tem  de entrar naquele estado que os japoneses chamam satori e os cristãos chamam beatitude. Jesus não é o Salvador dos humanos. Jesus veio ensinar a Nova Lei e Ele mesmo afirmou isto. E voltará, ao final dos tempos, para levar consigo aqueles que conseguiram vencer o Mâyâ e, acredito eu, entre estes não estarão os evangélicos e tantos outros que renegam a oração

No entanto, não é somente orando o terço cristão que se pode dominar a Mente. Há centenas de mantras búdicos que têm a mesma finalidade e alcançam o mesmo resultado. Só que Maria Santíssima é a figura mais conhecida pela esmagadora maioria da humanidade. Por isto, o Buda Avalokiteshiwara, que encarnou na forma de Míriam (ou Maria) para dar um corpo sagrado e livre do Samsara ao Filho de Deus, como se chama a Jesus, aconselhou rezar o terço, em lugar de sentar, fechar os olhos e emitir milhares de “om padmi hum” como costumam fazer os indianos religiosos.

4 – Pratique o desapego. Desapego aos valores venais; desapego ao amor mortal (mais corretamente, desejo) do homem para com a mulher; desapego aos bens materiais; desapego ao bem-estar físico, à preguiça; desapego, enfim, à palavra. Não valorize o significado que os vocábulos levam consigo nas mensagens que integram. Insultuosos ou elogiosos, não dê valor a tais significados e não se deixe tocar por eles. Lembre-se do lindíssimo poema “IF” (SE) de R. Kipling.

5 – Não aja de modo a ferir seu semelhante e não tome por semelhante somente aqueles seres que têm a mesma aparência física que você, humano. São seus semelhantes todos os seres vivos e se assemelham a você não na forma física, mas na essência divina. Não lhes coma as carnes, pois assim deixa de ser um devorador de cadáveres.

6 – Pratique a continência. Contenha-se no alimentar-se tanto quanto se contenha na emissão de juízos sobre seu próximo. Não minta. Se não puder dizer toda a verdade porque irá ferir alguém fazendo isto, então, silencie e permita que o outro chegue por suas próprias pernas à verdade. Mesmo que isto vá exigir dele uma outra vida de dores e sofrimentos, deixe que siga seu caminho. Satisfaça-se com saber que ao menos você sabe aquela verdade, embora tenha plena consciência que toda verdade humana é somente uma ínfima parcela da Verdade Real.

7 – Pratique a Humildade. Ser humilde não é ser vil, servil, rastejante. Ser humilde é saber estar acima de tudo satisfeito consigo mesmo e em paz com seu próximo. É agir de conformidade com o fluir do Astral Positivo, isto é, exercitar-se no Amor puro, sem desejos, sem seleção. No Amor à Vida sob qualquer forma em que se manifeste. Amor ao Planeta, pois ele também é um ser vivo, criado por Deus. Ser Humilde é estar em paz com sua Consciência, mesmo que tenha de enfrentar a ira de toda uma nação, como o fez Jesus.

Com fazer tudo o que acima indico, você estará entrando no caminho certo para safar-se da Roda do Samsara. Bom sucesso em seu esforço e

NAMASTÊ!