AS QUATRO LEIS INVIOLÁVEIS DO GRANDE ARQUITETO (IV)

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MAIS UM BERÇÁRIO DE ESTRELAS

A LEI DO KARMA

O leitor já tem idéia de como esta Lei Cósmica é complexa. Então, vamos-nos lembrar que desde o princípio ela atua em nós, pois desde quando surgimos, ainda quando na forma animalesca, nós nos movimentávamos e ao nos movimentar-nos criávamos fenômenos tanto no ambiente, quanto em nossa vida mesma. Se o resultado desta nossa movimentação fosse de molde a causar dano a terceiros ou ao ambiente, então criávamos Carma, no sentido, agora, de débito para com a Natureza. Se nossa movimentação afetava negativamente a um semelhante nosso ou à nossa comunidade, então o carma era de débito com um igual.


Quando afetamos a Natureza, seja no reino vegetal, seja no reino mineral, seja no reino animal, criamos débito para com estes reinos. Nosso débito sempre existe, visto que nós nos deixamos escravizar pelo Elemenal Físico. Vou esclarecer este ponto.

Chama-se Elemental Físico nosso corpo, nosso organismo. Este corpo tem vida própria – e se comprova isto pelo seu funcionamento independente de nossa vontade. Sentimos fome quando há carência de elementos necessários à manutenção da higidez fisiológica; sentimos sede na mesma situação; evitamos calor ou frio em demasia ou qualquer outra situação danosa porque nosso corpo reclama intensamente contra qualquer coisa que lhe cause dor. Na mesma proporção temos tendência à gula, à preguiça, à resistência ao trabalho ou a esforços que cansem nosso corpo porque o Elemental Físico não gosta de se submeter a isto. Para que se movimente e execute esforços que não condizem com sua natureza terrestre, o corpo tem de ser intensamente adestrado e constantemente forçado a se superar ou a abdicar de sua tendência à entropia. Tendência à entropia significa uma tendência à inércia, à conservação da energia disponível. Então, nosso corpo, por sua natureza, só se movimentaria quando fosse acicatado por uma necessidade fisiológica, caso contrário, ele permaneceria quieto, respirando o mínimo possível, apenas o suficiente para não sofrer. E é, agora, que entra em ação o Corpo Astral, mais conhecido entre os Teosofistas como Elemental de Desejos. Este elemental é o centro dos processos emocionais, desde a mais fraca e necessária ansiedade, aquela que nos mantém acordados e alertas, até a mais violenta apoplexia ou à mais profunda depressão. O Elemental de Desejos ou Corpo Emocional não tem vontade própria. Ele responde às solicitações ou do Corpo fisiológico ou da Mente. Se o Elemental Físico predomina na pessoa, então, os desejos que se manifestam no Elemental de Desejos são voltados para as coisas terrenas, imediatas, primitivas. O coito, por exemplo, é um impulso ao prazer orgásmico puramente material. Então, o desejo coital (vulgarmente e erroneamente chamado de desejo sexual) se torna predominante na pessoa e ela age como os filmes norte-americanos mostram seus heróis: movidos pelo pênis ou pela vagina. Você deve ter notado que a tônica fundamental dos filmes norte-americanos é uma cópula nos dez primeiros minutos da fita. O herói e a mulher, que pode ser a heroína ou não, mal começa o filme e já estão atracados furiosamente, geralmente copulando numa posição absolutamente anti-natural e esdrúxula: com a mulher escanchada na cintura do homem que, de pé, encosta-a na parede e se agita frenetica e rapidamente (até porque sustentar a parceira naquela posição é estenuante para qualquer amante); ou com a mulher sentada sobre uma penteadeira, um fogão, uma mesa… Enfim, numa posição que dificilmente haveria penetração satisfatória.

Geralmente o Elemental Físico age ferindo a Lei da Evolução. Seus impulsos são imediatistas, instintivos e elementares. Assim, não há nobreza, não há bondade, não há caridade, não há sacrifício, não há altruísmo. Há o egoísmo fisiológico.

A evolução do Elemental Físico é demasiadamente lenta, relativamente à entidade Homem. Assim, os movimentos gerados a partir do Elemental Físico são, quase totalmente, cármicos. Uma vez que o Elemental de Desejos tende a responder aos estímulos do Elemental dominente (ou o Físico ou o Mental), quando o Elemental Físico predomina na pessoa, ele multiplica a força dos impulsos fisiológicos e incrementa o Carma individual. Por desejo incontrolado é que muitos casais se enrolam na vida a dois; por desejo incontrolável é que homens matam mulheres por ciúmes estúpidos; por desejo incontrolável é que mulheres cometem traições a seus maridos e estes a elas; por desejo e apego à riqueza é que os homens violentam a Natureza sem qualquer respeito; por desejo e apego ao luxo é que homens se depravam moral e eticamente e assim por diante.

Além destes dois Elementais, a entidade homem também possui outro: o Elemental Mental. Mas aqui é necessário esclarecer o que se deve entender por Mental. Como já foi dito, os Dhyânis do Fogo foram obrigados a tomar posse dos corpos grosseiros inicialmente gerados pela Terra (Elementais Físicos) para, trabalhando neles, conseguir despertar a chama da Consciência Humana que eles possuíam latente, graças mesmo aos esforços ingentes, anteriores, que estes Dhyânis tinham despendido para lhes doar sua essência, esforços nos quais, infelizmente, fracassaram.

A primeira forma ou o primeiro ‘molde” da Mente começa a ser esboçada no animal-humano através do desenvolvimento das funções perceptivas e cognitivas. Com o despertar destas características psicológicas, superiores ao simples sensorial, o animal-humano começa a desenvolver um rudimento de Identidade (ou o que se chama vulgarmente de Personalidade). Na Identidade estão as funções superiores do homem – a percepção, a cognição, a associação de idéias, a memória, o pensamento, a capacidade de deduzir ou inferir algo a partir de outro fato observado, a capacidade de falar e se expressar coerentemente através da palavra etc… Todo este conjunto de funções altamente complexas forma o que é chamado de Mente Mortal humana, pois, quando o Elemental Físico deixa de ser habitado pelo seu Dhyâni do Fogo retorna à sua Mãe Terra e tudo aquilo morre, desfaz-se.

No início este processo de abandono do Elemental Físico decrépto, suponho eu, foi bem mais intenso, mas à medida em que a forma humana se aprimorava e naquele corpo rudimentar um cérebro se formava com capacidade de responder mais amplamente a estímulos sensoriais que, antes, não eram sentidos nem percebidos, os Dhyânis do Fogo foram-se afastando do homem e deixando espaço para que sua Mente Imortal, seu Espírito, se desenvolvesse a partir da semente que, talvez após decorrido um ou mais kali Yuga, se desenvolveu lentamente nele. Fiquemos, por enquanto, com esta hipótese para fins de desenvolvimento de nosso estudo. Só para esclarecer o quanto o processo evolutivo humano foi lento, afirmam os teosofistas que no início os animais-humanos tinham predileção por carniças e carne em decomposição, pois seus sentidos olfativos não distinguiam a putrefação como algo repugnante. Com o aprimoramento dos estratos cerebrais olfativos e gustativos que passaram a permitir ao animal-humano sentir o mau cheiro e o mau gosto daquele alimento, o animal humano foi deixando de se alimentar de carne pútrida. A evolução não foi somente no sistema encefálico. Deu-se em todo o corpo e, também, no aprimoramento do Elemental de Desejos, o Corpo Astral humano. No entanto, este estava preso ao Elemental Físico, como ainda está. Deste modo, os desejos despertados no animal-humano primitivo eram de molde a se adequar ao ambiente estremamente hostil onde viviam. Eles atacavam, matavam, destruiam o que vissem como perigoso para si. Com isto, interferiam, ainda que inconscientemente, com a Evolução da Forma em outros seres e, assim, criavam carma para si. Carma que, ao retornar à existência sob a regência de seu Dhyâni do Fogo, deviam aprender a não destruir e, ao contrário, conviver, proteger e ajudar no processo evolutivo. Encurtando a longa história, hoje temos os pecuaristas que, até certo ponto, agem de acordo com o que a Lei da Evolução deseja, porém, como todos estão submetidos ao império dos sentidos e, não, do Espírito, movem-se segundo os ditames do Poder Econômico e, deste modo, mantêm um pesado carma para com os animais que criam para vender vivos a frigorificos, onde são mortos, esquartejados e distribuídos aos milhares de açougues pelos países. Agora, veja você: se você é um carnívoro, então, você está profundamente envolvido no Carma Coletivo dos que ferem a Natureza, matando animais para auferir lucros às suas custas. Por sua causa é que existem os açougues; pela existência de açougues é que há os frigoríficos; pela existência dos frigoríficos é que há os matadouros; pela existência dos matadouros é que existem os pecuaristas. Esta é uma cadeia que aprisiona fortemente todos os que se alimentam da carne de seus irmãos animais. O Carma Coletivo dos carnívoros humanos é pesado e não se esgotará por muitos e muitos milênios…. E isto tem uma repercussão terrível para cada um de nós, como veremos ao estudarmos a próxima Lei Inviolável do Cosmos.

Com a evolução da forma que nos trouxe ao momento em que estamos vivendo, também houve uma tremenda evolução do Elemental Mental (a Mente Mortal) e o resultado é que estamos num momento crítico de nossa existência, pois tendemos fortemente para o material e abandonamos quase totalmente o espiritual. As religiões exotéricas são mímicas ridículas e se transformam em instrumentos de satisfação de ganância dos que se acham profundamente mergulhados no mundo do Mayâ (ou mundo da Vaidade, segundo a Qaballah judaica). Aumentamos estupidamente nossos Carmas, tanto o individual quanto o coletivo. Por isto, a Vida na Forma para o ser humano torna-se cada vez mais árdua, mais sofrida, mais difícil, pois os mal-feitos que cometemos em grande escala retorna a todos nós com a exigência de correção sem perdão. Ou corrigimos o que fizemos de errado e nos corrigimos para não mais cair em tais erros, ou vamos arcar com as conseqüências de nossas ações. E uma vez que temos três Elementais aos quais devemos domar, redefinir e dirigir, nós acumulamos carmas tanto com nosso Elemental Físico, quanto com os Emocional e Mental. Portanto, quando a Igreja Católica impõe ao seu fiel que ore o Ato de Contrição (Eu pecador me confesso a Deus todo Poderoso, à Santa Virgem Maria, aos santos Apóstolos São Pedro e São Paulo e a todos os santos, que pequei por pensamentos, palavras e obras, por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa…”) não está de modo algum errada. Nós cometemos carmas tanto nas nossas ações, como nas nossas emoções e nos nossos pensamentos.

Se você meditar um pouco mais profundamente neste assunto, verá o quão difícil é “o retorno à Casa do Pai”.

AS QUATRO LEIS INVIOLÁVEIS DO GRANDE ARQUITETO (III)

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COMPLEMENTANDO A LEI DO CARMA

Mais um Berçário de Estrelas – As Formas são Infinitas…

Quando falei da Lei do Carma tive de fazer menção ao nascimento do homem sobre a Terra. Falei, então, dos Dhyânis do Fogo, aqueles que tiveram como missão criar o homem à sua imagem e semelhança. Esclareci que esta ordem divina estava contida na própria Energia Fôhat, o Dragão da Criação; também esclareci que os Dhyânis do Fogo não podiam obedecer àquela ordem, visto que não dispunham de matéria densa de onde moldar um organismo físico capaz de viver ativamente na supefície do Planeta Terra.


Os Dhyânis do Fogo no máximo podiam legar ao fantasma do homem seus “EUs” astrais (os quais foram chamados de “fantasmas” porque tinham existência somente no Plano de Matéria Astral). Eles não podiam doar ao homem “aquela centelha sagrada que arde e se converte na flor da Razão e da Autoconsciência humana; porque não a possuíam para que a pudessem dá-la” (Blavatsky). Segundo esta autora, “cada classe de Criadores contribui com aquilo que tem para dar: uma, constrói a forma exterior do homem; outra, comunica-lhe a sua essência, que depois irá converter-se no Eu Superior Humano”, graças aos ingentes esforços do indivíduo enquanto ser encarnado. Uma vez que todo este processo de criação do homem, muito complexo, tinha de ter um princípio ativo, os Dhyânis do Fogo foram obrigados a tomar para si os corpos grotescos oferecidos pela Terra, para, então, trabalhando neles, conseguirem implantar-lhe uma Mente Mortal, que tinha de ser desenvolvida lentamente e penosamente ao longo dos milênios que se seguissem, até que a centelha sagrada doada aos elementos da futura raça pudesse brilhar e despertar a Mente Imortal humana, desenvolvendo-a fundamentada na Mente Mortal ou Identidade humana. Isto, a meu ver, explica porque não mais surgiram humanos a partir de símios. A raça primitiva, simiesca, tornara-se especial após ter sido tomada como habitação temporária dos Dhyânis do Fogo. Uma vez dado início ao aprimoramento daquela raça de “símios”, acelerando sua evolução quer na forma física, quer no sistema encefálico, os Dhyânis do Fogo se viram liberados, embora ainda continuassem com a missão de supervisionar a ascenção da Forma Antropóide para a Forma Humana, o que ainda não terminou. Não se estrenhe que eu diga isto, pois a Medicina sabe e tem divulgado em livros e em artigos, que o homem da atualidade ainda não se utilizou nem da metade de seu potencial cerebral. Ora, se o cérebro físico ainda está sendo desperdiçado porque o homem morre sem se servir dele plenamente, claro está que também não se serve totalmente de seu potencial Mental. Isto significa que a Mente Mortal (“Personalidade”, ou Identidade) também ainda é primitiva e ainda se encontra em formação. Talvez só alguns seres mais esforçados desta humanidade consiga, ao final do Manvantara em que nos encontramos (conhecido na Índia como período Vaivasvata), atingir o pleno desenvolvimento de suas potencialidades cerebrais e mentais. Neste caso, passarão a outro mundo, outro planeta, onde as Leis e as condições evolutivas são absolutamente superiores às que vigem para o planeta Terra. Quando tal coisa sucede, os habitantes deste nosso mundo que passam àqueles outros mundos são conhecidos como Nirmânakâyas e alcançaram tal grau de evolução que, perto deles, somos menos que insetos. Muitos dos Dhyânis do Fogo eram Nirmânakâyas, diz Blavatsky (A Doutrina Secreta, Vol.III – Antropogênese).
Um Nirmânakâya foi um ser humano que venceu o Elemental Físico e o Elemental Astral ou Emocional. É o Cohan (senhor) de si mesmo. Se volta ao nosso planeta Terra é capaz de obrar maravilhas, que os ignorantes passam a denominar de “milagres” – como foi o caso de Jesus, quando transformou água em vinho e quando alimentou com um punhado de peixes e pães uma multidão de pessoas famintas. Entretanto, um nirmânakaya só volta ao nosso mundo quando toma a decisão de vir ajudar os que ainda estão penosamente se arrastando na Senda da Evolução. Tal nirmânakâya evolui pelo Raio da Devoção, o caso do Mestre Jesus. No Raio Devocional, as entidades são possuidoras de grande Amor ao próximo; de grande Compaixão pela Vida em todas as formas; de incomensurável Caridade para com os menos capazes e de uma incomensurável capacidade de se sacrificar para ajudar os mais atrasados. Foi o caso de nosso Mestre Jesus. Uma vez que já havia ultrapassado esta condição humana que necessita de um corpo físico gerado a partir de outro por força da Lei do Carma, Jesus não podia nascer de uma mulher comum. Daí o mistério de seu nascimento “fantástico” e “inacreditável”. Toda a sua família era composta de outros nirmânakâyas, que aceitaram vir novamente a este mundo atrasado para ajudá-lo a deixar uma mensagem que não sumisse nas areias do tempo. E foi o que Ele fez.
Eu li livros que afirmavam que Jesus não tinha alcançado o Mestrado quando desencarnou na Judéia, mas sim, quando desencarnou como Mahatma Ghandi. Durante muito tempo aquilo me pareceu verdadeiro e lógico, mas estudos mais acurados em livros muito mais coerentes e muito mais difíceis de se entender, levaram-me a concluir que o autor daquela tese tinha laborado em erro. Não, Jesus não encarnou novamente na pessoa de Mahatma Ghândi. Este, é um espírito humano que está bem à nossa frente na corrida para se libertar deste planeta de formação (e, não, de expiação). Provavelmente Ghândi está, assim como Madre Teresa de Calcutá, bem próximo de passar para “o Reino de Jesus”, isto é, o reino dos Nirmânakayas. Também li pesquisas de renomadas autoridades religiosas defendendo outras teses, tais como a que é mais divulgada por eles: Jesus estudou com os Essênios e com eles aprendeu toda a sabedoria que possuía; ou esta: Jesus foi estudar na Índia com os Brhâmanes e foi lá que aprendeu seus conhecimentos fantásticos; ou esta, menos divulgada: “Jesus esteve no meio dos Druidas e foi com as druidesas que aprendeu muito sobre Magia Elemental e se tornou um grande mago; ou ainda esta outra: “Jesus se tornou santo depois de ter ‘recebido’ o Tao”, tese defendida pelos taoístas chineses. Muito além de tudo isto está o mistério JESUS. Sua origem não pode ser encontrada aqui, nem Ele deu qualquer importância à sua suposta “descendência davídica”, visto que, como ele mesmo disse a Herodes: “MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO“. Naquele momento doloroso de sua via crucis, Ele dizia com todas as letras que não pertencia a este nosso orbe. Só que até hoje poucos entenderam sua frase. Sim, o Reino de Jesus não é deste mundo. E pelo que tenho lido, concluo, através de meus raciocínios íntimos, que Ele está inserido no mundo dos Nirmânakâyas, ao qual nenhum de nós tem acesso senão depois de “beber sua taça de fel até a última gota”. E também é conclusão minha: Maria Madalena, a esposa de Jesus, de quem os apóstolos tinham ciúmes porque Ele vivia “beijando-lhe a boca”, com certeza também era do mundo dos Nirmânakâyas e se veio tão envolvida com Ele foi para completar sua mensagem, que não foi somente de verbo, de fala, mas também de ação e exemplo. Lamentavelmente, a figura de Maria Madalena foi devidamente e convenientemente “apagada” pela Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana, que a insultou durante muitos séculos, colocando-a, no Novo Testamento, como a Prostituta arrependida, depois de ter sido salva do apedrejamento pela bondade do Grande Mestre.
Tive de discorrer sobre os assuntos acima, em breves pinceladas, porque a Lei do Carma é complexa e é necessário ter alguma informação suplementar para realmente se poder ter um pouco de compreensão sobre ela. Posteriormente volto a continuar este tema, pois aindas não esgotei o “resumo” que desejo fazer sobre esta Lei fabulsa. E quero registrar que, ainda que tenha ficado muito impressionado pela apresentação da nossa Antropogênese por Mme Blavatsky, que me levou a supor Jesus e sua família composta de Nirmânakâyas, não quer dizer que estou totalmente e absolutamente convencido desta hipótese. Há pesquisas em culturas totalmente diversas daquelas mesopotâmicas, como a dos desaparecidos Maias, onde se afirma que a raça humana nasceu da miscigenação de genes de alienígenas com seres primitivos terráqueos. O livro “O FATOR MAIA”, escrito pelo PhD em Artes, José Argüelles, no qual o autor analisa o misterioso TZOLKIN (a figura da Matriz do Tzolkin está no início deste artigo, sob a foto de uma galáxia), onde estão registrados todos os acontecimentos mundiais importantes que iriam acontecer a partir da época dos Maias nos Andes até 2013, quando, então, a Terra sofrerá grandes abalos que vão exigir a volta daquele misterioso povo para retificar-lhe a órbita e regular-lhe novamente a oscilação abalada, fala disto. Os Maias são um povo muito misterioso. Surgiu de repente e sumiu também de repente, sem que se saiba de onde nem como. No Tzolkin dizem-se alienígenas. Todos os acontecimentos que tinham previsto aconteceram. A primeira guera mundial; a segunda guerra mundial; a guerra fria entre EUA e Rússia etc… E como é um livro muito sério, suas informações são para serem pensadas e consideradas com cuidado, pois, a ser verdadeira, toda a antropogênese descrita por Blavatsky, segundo o que lhe foi supostamente ditado pelo Mestre Ascensionado Khoot-Humi (pronuncie Kutumi) está falha ou é verdadeira somente em parte e, neste caso, Jesus realmente foi um homem especial, mas um ser deste manvantara. As informações que aqui estou colocando a Seu respeito são, como tudo que a Ele se refere, somente suposições e especulações. Quanto mais informação se possuir, mais se poderá supor com relativo grau de certeza sobre Sua História e sobre Sua pessoa. Já fui alguém de crer facilmente na primeira hipótese que me fosse apresentada, mas quando cursei Psicologia aprendi, durante o tempo em que trabalhei em laboratório, que toda certeza tem que ser questionada até que se descubra uma certeza melhor. Então, tudo o que leio, estudo, pesquiso e ouço, é visto por mim sob a óptica da dúvida. No momento, creio que a melhor hipótese é esta: Jesus era um nirmânakâya. Se outra aparentemente melhor surgir, vou questioná-la e estudá-la sob os mais variados ângulos que eu possa descobrir para isto.

Podemos, ainda, supor, talvez exageradamente, que o povo Maia, os originais, eram nirmânakayas que vieram, conforme está contido no Tzolkin, consertar a Terra em sua posição no espaço (suposição que também é feita relativamente aos construtores das pirâmides do Egito antigo), muito abalada e muito desviada de sua condição inicial – coisa, aliás, que eles deixaram bem claro no Tzolkin. E esta hipótese tem a sustentá-la a posição das pirâmides em relação às constelações do zodíaco e à eclíptica solar. É tema muito discutido e que tem tanto admiradores quanto detratores. Se realmente os Maias foram, como eu estou supondo aqui, um grupo de Nirmânakâyas que vieram mais uma vez ajudar os terráqueos deste manvantara, então, minha hipótese sobre ser Jesus um ser habitante de outro mundo muito mais evoluído que este em que nos encontramos pode ser levada em consideração. Mas a dificuldade para tanto é justamente este “se”. Se você se interessou pelo assunto MAIA e TZOLKIN, vá ao seguinte endereço: http://cmtzolkin.blogspot.com/

AS QUATRO LEIS INVIOLÁVEIS DO GRANDE ARQUITETO (II)

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A SEGUNDA LEI CÓSMICA

E Deus Geometriza… Outro berçário de estrelas – deslumbrante!

Falei da Lei que julgo ser a Primeira, dentre as quatro principais leis cósmicas, a Lei da Evolução. Agora, vou falar daquela que julgo ser a segunda dentre as quatro. Trata-se da Lei do Carma. Este termo, carma é confuso para a maioria das pessoas, que interpretam seu significado de modo geralmente simplista. A Lei do Carma é deveras extremamente complexa e não pretendo esgotar o assunto neste pequeno artigo, mas tão-só aclarar um pouco o tema.

Começo pelo significado desta palavra sânscrita em português: carma quer dizer movimento. Isto mesmo, movimento. Não destino ou dívida espiritual ou castigo, não. Carma é tão-só movimento. Como o leitor viu no artigo anterior, sobre a Primeira Lei, desde o início da formação de um Universo que este Arquétipo está presente, o Arquétipo Movimento. Eu o denomino de arquétipo (do grego: arkhé = além de; e typon = forma) porque o Movimento realmente está além da Forma, do mesmo jeito que Forma está além da matéria e, portanto, também é um arquétipo.

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AS QUATRO LEIS INVIOLÁVEIS DO GRANDE ARQUITETO

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Continuação do estudo da resposta à questão: De Onde Viemos?

 

Assim Nascem os Universos...

Berçário de Estrelas – Como Nascem os Universos

A LEI NÚMERO UM

A primeira Lei Cósmica Inviolável é aquela que impõe, rege e supervisiona a EVOLUÇÃO. Eu a considero como a primeira porque ela está presente desde o princípio. E como foi este princípio? Eis uma pergunta que todos fazem, mas cuja resposta chega somente a alguns persistentes inquiridores, pois, apesar de Jesus ter dito: “Batei e se vos abrirá; pedi e vos será dado”, a coisa não é tão fácil quanto Ele deixou parecer.

Os ensinamentos ocultos nos dizem que no início do início do nascimento dos Universos, o Espaço Infinito se apresentava “vazio e trevoso”. Como iniciava o Gênesis antigamente:”No princípio era a treva e o Espírito repousava sobre as águas”. Nesta sentença mística o termo “águas” é símbolo para o fenômeno da Criação, logo, da Gestação da Vida; e o termo “Trevas” é símbolo para indicar Aquele Que Não Tem Nome – o Criador Incriado: Deus ou Parabrahman, onde o sufixo “para” significa “além de”, empregado para indicar Aquele que está Além de Brahmâ, ou seja: O Espírito Criador Incognoscível e inapreensível ao Espírito humano, que se encontra oculto além da Criação.

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COMO FOMOS CRIADOS PELO CRIADOR?

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O Budha Quadrifaces

Deus… Nada mais misterioso e desafiador; nada mais irresistivelmente atraente para a entidade humana a partir do momento em que se conhece como um Ser no Mundo. Quem é esse Ser Misterioso? Onde habita? O que faz? Por que faz? Qual é nossa relação com Ele? Por que cria as coisas? Por que nos cria? Que pretende que façamos? Por que criou a dor e o sofrimento, se se diz que é o Pai da Bondade e da Caridade? Por que Seus caminhos são sempre espinhosos e dolorosos, se Ele é Amor e Felicidade?

Bom, uma parcela altamente significativa da Humanidade se deixa guiar pela Fé Cristã. O Cristianismo moldou indelevelmente a História Evolutiva da Alma humana sobre a Terra e mesmo nestes anos conturbados de crenças e descrenças variadas, ainda é a Religião que mais poder mantém entre as nações.

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PENSE NISTO

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A chuva, quando cai sobre uma mangueira ou um flamboyant, aumenta-lhes folhas, frutos e flores; quando cai sobre espinheiros, aumenta-lhes os espinhos. Suas palavras são como a chuva tal e qual aquelas que você ouve…

E O DESTINO ME CHAMAVA NOS ANOS 50…

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Prédio onde ficava o ap de Seutônio, na Rua Marquês de Caxias, Niterói

Fui matriculado no Liceu Niteroiense. O estudo ali era puxado e os professores não brincavam em serviço. Logo eu estava mergulhado no estudo até às orelhas para poder dar conta do recado. Seutônio ficou muito satisfeito comigo. Não era respondão, não era rebelde, não era rueiro, não era, enfim, um transtorno. Ao contrário, eu ajudava como podia no serviço de limpeza do apartamento, pois minha tia era muito exigente com isto. Eu aliviava a pesada carga que minha irmã carregava naquela casa. Em 1958 entrei em choque com meu professor da matéria de desenho geométrico. A prova tinha três questões, duas valendo três pontos e uma, quatro. Acertei quase todas, mas na primeira questão fiz o rebatimento de um triângulo a partir do terceiro quadrante, quando era para ter feito a partir do quarto quadrante. Ele me tirou os três pontos e eu reclamei. A querela foi parar na diretoria que, lógico, apoiou o professor. Vim para casa irado. Conversei com Seutônio e ele, lacônico como era seu costume, me disse: “Se não está satisfeito, peça uma banca examinadora”. Perguntei o que era aquilo e ele me disse que era um requerimento que eu devia dirigir à diretoria pedindo que ela elegesse três professores na matéria para me examinar. Era assim, no Colégio Naval, quando um aluno não concordava com a nota recebida. Ele era da Marinha. Talvez pensasse que eu não fosse louco o suficiente para pedir a tal banca, mas não me conhecia. Eu era de briga. Tratei de fazer o tal requerimento e aproveitei para pedir banca examinadora também em português e matemática, pois há muito tempo discordava das notas recebidas naquelas matérias. Seutônio foi chamado ao colégio. Ficou espantado quando soube o que eu tinha feito. Ainda assim, assinou como responsável. Depois, laconicamente, me disse: “Veja o que aprontou. Agora, trate de não pagar vexame. Pensa que isto é brincadeira? Vão espremer você. Desde o bê-á-bá até sua última aula em cada matéria. Trate de estudar e muito, pois se for reprovado vai perder a matricula no colégio e eu não vou pagar escola particular para você”. E foi o que fiz. Meti a cara nos livros. Consegui me sair bem depois de um esforço exaustivo, mas não aprendi a lição de que arrogância nunca é uma boa conselheira.

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O KARMA É TEU, “PANGARÉ DOS PAMPAS”

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Um homem controvertido, Leonel de Moura Brizola nasceu no Rio Grande do Sul. Era de família pobre, mas tinha grande vontade de vencer na vida. Desde cedo se voltou para o dilema da Educação. Em seus mandatos no Rio Grande do Sul voltou-se com atenção especial para a construção do que ficou conhecido como as brizoletas – escolas feitas de madeira e espalhadas por todo o Estado. Neste ponto, os gaúchos muito devem ao fundador do PDT – Partido Democrático Trabalhista. Foram mais de mil escolas espalhadas pelo Estado, pois Leonel Brizola pretendia varrer o analfabetismo daquelas terras. Mas o Brasil é tradicionalmente anticonservadorista. Tudo nele é modismo. As brizoletas, atualmente, estão caindo aos pedaços e as que sobraram estão-se transformando em museus ou sendo desviadas de sua função inicial para outras que nada têm a ver com a Educação.

Bizola trouxe para o Rio de Janeiro sua determinação de combater o analfabetismo. Ali, convocou Oscar Niemayer para idealizar a construção de prédios práticos, fáceis e rápidos de serem levantados. Assim nasceram os CIEPS – Centros Integrados de Educação Pública. Brizola os espalhou por toda a cidade do Rio, desta vez, ao contrário do que tinha acontecido no Rio Grande do Sul, onde as brizoletas estavam “escondidas” no meio das matas rurais, os CIEPS surgiam sempre às margens de rodovias. A má língua dos seus opositores logo espalharam que o Governador servia-se dos CIEPS como um meio de se projetar socialmente. Este é outro vício imoral da polititica praticada pelos polititicos militantes: literalmente defecam sobre o que de bom seu oponente tenha feito. De tal modo se enxovalham reciprocamente que, no final, fica para o povo brasileiro a idéia estigmatizada de que todo político é corrupto e não presta. Assim como ninguém nasce bandido, também assim o político nem sempre entra para a Política já corrompido. Geralmente – e esta é a regra – o candidato a político sai do povo com uma idéia boa: consertar o que os já calejados na lide da polititica não mais desejam fazer. Vão para lá com a boa intenção de lutar pelo povo, aquele mesmo povo de onde saíram. Mas seus antecessores criaram uma escola enviesada na Política e tornaram o exercício do cargo algo tão elitista quanto elitista eram os antigos nobres, que se separavam com asco da “gentalha” sobre a qual reinavam e da qual dependiam, na hora em que o bicho pegava. O Brasil está, contudo, ainda que muito devagar, quebrando este castelo de corrupção ética, moral e cívica das oligarquias políticas nascidas nos coronelatos nordestinos, sulistas e de centro-oeste. Os novos políticos têm pela frenta a árdua tarefa de refazer as Casas Governamentais, não na estrutura de concreto, mas na estrutura moral que foi totalmente aleijada. Estão vencendo com a ajuda do povo que, despertado para os desmandos e os achincalhos dos coronés polítiticos pela incansável batalha da Mídia radiofônica, jornalística e televisiva, juntaram-se as mãos e começaram a forçar os “Senhores do Poder” a aprovar Leis que os atingem em cheio, como é a Lei da Ficha Limpa. A batalha contra a corrupção pegou fogo a partir do Governo do proletário ignorante que assombrou o mundo: o metalúrgico Luiz Inácio da Silva, o Lula. Ainda que durante seus oito anos os militantes de seu partido, o PT, tenham dado show de corrupção, exatamente por isto foi que a Mídia caiu matando em cima deles e o povo foi alertado. Afinal, não é à-toa que se diz que “Deus escreve certo por linhas tortas…”

Leonel Brizola entrou para o Governo do Estado do Rio de Janeiro com muito boa intenção. Mas não sei, e creio que ao certo mesmo ninguém o saiba, em dado momento ele se mancomunou com a criminalidade. Dizem as más línguas (inclusive a de sua filha, Neuzinha Brizola, que foi paciente em minha clínica) que ele já veio corrompido lá das bandas dos pampas de onde era nascido. No Rio, os contraventores do jogo do bicho logo fizeram pacto de aliança com o Governador e este foi fotografado, em vários carnavais, nas “suítes” dos bicheiros no Sambódromo, uma criação levada a efeito pelo Governador sob a orientação dos ditos cujos que, assim, passaram a ganhar rios de dinheiro à custa da liberdade de brincar dos cariocas. O sambódromo matou a euforia, a beleza e a liberdade carnavalesca carioca. A partir daí, os morros foram transformados em “currais eleitorais de Brizola”. Como o poder dos banqueiros do jogo não era tão grande quanto o desejável por um político ganancioso, possivelmente por isto foi que Leonel Brizola levou para o Rio o tráfico de drogas e este, o tráfico de armas. Mais violentos, eles impunham à força das armas suas ordens que, no campo político, era “eleger o homem”. Assim, Brizola conseguiu seu segundo mandato no Rio de Janeiro. Só que o controle sobre a criminalidade lhe fugiu das mãos. Eu assisti a assaltos a ônibus no Rio, nos tempos de Brizola, onde os bandidos gritavam, orgulhosos e com escárnio, para os passageiros assustados: “Não adianta chorar nem resistir que o homem é nosso”. Foi a partir dos mandatos de Leonel Brizola que o Rio começou a mergulhar de cabeça no desespero da guerra urbana. A Polícia civil revoltou-se contra a desfaçatez do Governador, que protegia descaradamente o criminoso a ponto de proibir que fossem chamados de bandidos ou marginais e obrigar os policiais a tratá-los de “cidadãos”. A Polícia Civil fundou a Escuderie Le Coq, que, no fundo, era um “esquadrão da morte”, pois a filosofia era “não prendemos marginais. Nós os matamos”. Fiz parte da Le Coq, na qualidade de Psicólogo, quando lhes ministrava cursos sobre Psicologia da Criminalidade. Por isto, sei bem o que intencionavam os policiais que dela faziam parte. Era um meio de retirar da Cidade Maravilhosa o câncer social que se espalhava perigosamente acobertado pelo Governador.

O que vemos acontecer atualmente na ex-Cidade Maravilhosa, como carros sendo queimados por ordens de bandidos altamente perigosos segregados em presídios que deviam ser de segurança máxima, é fruto daquela associação nociva do Governador Leonel Brizola com o crime organizado. Legado que deixou para muitos governadores após ele, como foi o caso de Garotinho e de sua esposa, Rosinha Mateus, que lhe seguiram a cartilha ao pé da letra. Então, o karma do desespero, da insegurança, das mortes de inocentes por balas perdidas e por assassinatos a soldo do Crime Organizado cabe quase com exclusividade ao finado Leonel Brizola. Mas ele não está sozinho lá em cima, não. Está na companhia de “gente muito boa”, como o ACM baiano. Lembram-se dele? Pois é…

BRASIL, FINS DOS ANOS 50, OS “ANOS DOURADOS”

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Eu disse que a História passava ao meu lado e eu a observava com indiferença, curiosidade ou desatentamente, mas nela não me envolvia como faziam os que tinham minha idade. A década de 60 foi muito importante em minha vida, mas para entender isto é necessário que volte ao ano de 1957. Foi quando vim de Teresina para o Rio de Janeiro.

Um ano antes de viajar para viver aventuras inusitadas na Cidade Maravilhosa, numa tarde fria, deitado na minha rede após o almoço, sucedeu-me uma experiência que nunca soube definir até começar a estudar ocultismo. Eu olhava o teto de telha onde algumas aranhas teciam suas redes. Não pensava em nada. Estava com minha cabeça totalmente vazia de pensamentos e idéias. Olhava os bichinhos indiferentemente, apenas vendo os seus movimentos, mas não pensando nada sobre eles. Então, de súbito me vi descendo de um avião em um lugar lindo. Havia mar azul ao redor do lugar. Juntamente com outras pessoas eu caminhei para um saguão belíssimo, com colunas de mármore e teto muito alto, talvez uns dez metros de altura. Alguém me esperava ali. Entreguei-lhe minha malinha surrada, dei-lhe a mão e saímos para uma praça ampla e gostosa de se ver. Havia muitos carros e uma geringonça que eu estranhei. Tinha um único farol na frente e fazia um barulho danado, pois se movia sobre trilhos. Não se ouvia barulho de motor. A geringonça passou por nós e parou logo adiante. Pessoas descerem dela e outras nela subiram. A coisa se movimentou e se  afastou e eu ouvi um sino ou algo parecido sendo tangido insistentemente. A pessoa ao meu lado, de quem eu não via a face, me disse que o nome daquilo era bonde. Depois, um som melancólico soou. Era bonito, mas tinham uma nota nostálgica. Foram três sons daquele tipo. O meu acompanhante apontou para algum lugar por sobre as árvores e disse: “Naquela direção fica a Mesbla. O que você ouviu foi o relógio da loja. Ele toca a cada 15 minutos, anunciando as horas”. Não vi a tal Mesbla. Então, andamos rapidamente por uma avenida deslumbrante para mim. Tinha arranha-céus que me encantavam e muitos automóveis transitavam por um piso negro e liso. Passei diante de um edifício belíssimo e o estranho apontou-o para mim dizendo: “Teatro Municipal”. Depois, parou e apontou para outro edifício imponente, que me pareceu feito de pedra, sobre cuja calçada nós nos encontrávamos, e disse: “Biblioteca Nacional”. Então, apontou para a frente e disse: Museu de Belas Artes”. Então, seguimos em frente naquela belíssima avenida. Eu estava deslumbrado. Chegamos a uma rua transversal àquela bela avenida e dobramos à direita, entrando nela. Caminhamos por ali até chegar a outra praça enorme. Do lado direito avistei um grande casarão que meu acompanhante informou ter sido a sede do Palácio Imperial do Brasil, na época de Dom Pedro I e Dom Pedro II. Fiquei maravilhado. Olhei bem para a enorme construção de dois andares. Estava com as paredes muito sujas e parecia um tanto abandonada, mas era imponente e tinha uma impressionante quantidade de janelas encimadas por batentes de pedra. Depois, cruzamos a praça e embarcamos em algo que me pareceu ser um navio, mas o meu acompanhante me disse ser a barcaça para Niterói. Atravessamos rapidissimamente a Bahia de Guanabara e descemos em Niterói. Enveredamos por uma rua da qual li a placa em um poste: Rua São Pedro. Desembocamos em uma praça bem arborizada e com uma igreja ao fundo. Caminhamos bordejando a praça, cruzamos duas ruas e chegamos a outra, onde ele me apontou uma placa na parede de uma casa. Ali eu li: Rua Marquês de Caxias. Meu acompanhante dobrou à direita naquele entroncamento e caminhamos até à esquina da Marquês de Caxias com outra rua. Atravessamos a pista de rolamento e ele me apontou um predinho de dois andares, dizendo: “Ali é que você irá morar, em breve”. Olhei para o predinho, enquanto um bonde barulhento dobrava na esquina onde o edifício ficava e enveredava pelos trilhos que corriam por ela. Então, voltei subitamente a mim. Não estava dormindo. Estava bem desperto. Por isto, não soube como falar do acontecido à minha mãe nem a nenhuma de minhas tias. Guardei a estranha experiência comigo. Narro este fato estranho porque sempre estive envolvido com o “sobrenatural”, como se verá adiante.

Em fins de 1957, acho que em outubro ou novembro, mamãe, Rodrigo Helival e eu descíamos de um DC-3 da Cruzeiro do Sul, vindos de Teresina para o Rio de Janeiro. Tínhamos levado 15 horas de viagem e havíamos almoçado no aeroporto da Bahia, tudo por conta da companhia aérea, pois a viagem em avião a hélice, como o DC-3, era muito demorada. Quando desci do avião e olhei para o prédio do Aeroporto Santos Dumont, lembrei-me imediatamente do estranho “sonho” de um ano atrás. Fiquei parado, deslumbrado, recordando aquilo. Tudo era igualzinho como eu havia visto, antes. Mamãe teve de voltar e me puxar pela mão, pois eu nem tinha notado que havia ficado para trás, sozinho, perto do avião. Caminhamos até o grande saguão de recepção da imponente construção, também igual à que eu havia visto em meu “sonho”. Ali, dei de cara com meu acompanhante: Seutônio. Era justamente a pessoa que me tinha ido buscar naquele local. Meu coração estava acelerado. Olhei dele para fora e vi um bonde. Passava tão barulhento quanto eu havia visto em minha visão onírica. Trocamos algumas palavras, ele informando à mamãe que minha tia Dita não viera porque estava enrolada com as crianças e, tomando do carrinho onde estavam nossas malas, fomos levados por ele para fora do edifício. Sim, lá fora estava a praça. Apontei para a frente e disse: Naquela direção fica o relógio da Mesbla, não fica?” Seutônio me olhou com curiosidade e perguntou: “Como sabe?” Eu lhe respondi quase automaticamente: “Já estive aqui, antes. “Andamos naquela direção, o senhor e eu, por uma avenida grande, cheia de carros, e dobramos numa rua que vai dar numa grande praça, onde há o antigo palácio de Dom Pedro II”. Seutônio olhou para mamãe com um riso gutural – seu modo de rir. Estava espantado, mas me disse: “Sim, indo por ali vamos sair na Av. Presidente Vargas. E é para lá que vamos, mas de táxi. Eu acho que você está querendo ser esperto, garoto. Deve ter visto fotos daqui, antes de embarcar, e conta esta história para me impressionar”. Eu nada respondi. Entramos no táxi e rolamos em direção à Avenida Presidente Vargas, mas não entramos por ela porque era contramão. Enveredamos por uma rua paralela e terminamos justamente na Praça XV, onde apontei para o antigo palácio e disse, em voz alta: “O Palácio de Dom Pedro II”. Seutônio me olhou com um jeito gozador, mas só assentiu com um meneio de cabeça. Ele estava convicto de que eu havia visto tudo em fotografias, cartões postais ou coisa parecida. Então, descemos no embarcadouro e entramos na barcaça. Quando já estávamos sentados, Seutônio me disse, com aquele seu sorriso que desconcertava a gente: “Se você já esteve aqui, antes, sabe como chegar lá em casa, não sabe?” Eu lhe respondi com voz titubeante – ele me intimidava e eu não sabia a razão. Era militar e tinha jeito e modo de agir de militar e talvez isto fosse o que me inibia. Respondi: “Sim, senhor, sei chegar lá”. Ele riu de novo e me disse: “Então, quando descermos em Niterói, fica por sua conta dizer por onde vamos chegar ao meu apartamento. Se você se perder, azar. Vamos ficar passeando por Niterói até que você confesse que montou este teatrinho para me impressionar”. Pronto, ele tinha acabado de comprar minha antipatia. Principalmente porque mamãe me olhou com olhar de censura e eu não gostava daquilo. Permaneci calado e me alheei do grupo, coisa que aprendera a fazer em Teresina, quando meus pais e minhas tias brigavam entre si, o que acontecia quase todo santo dia.

Em Niterói, tão logo descemos, apontei a direção que devíamos seguir. Entrei pelas ruas com firmeza e conduzi o grupo até o predinho onde meu tio tinha seu apartamento. Quando paramos diante da porta de ferro, ele me olhava com o cenho franzido. Tinha de admitir que não era possível eu ter aprendido o caminho apenas estudando cartões postais. Mas não disse nada. Ele abriu a porta e subimos uma escada que nos levou à porta de madeira escura do apartamento. Não era grande e um bonde encheu tudo de ruído de ferro altamente incômodo. Minha tia veio-nos receber. Trazia nos braços um garoto em fraldas, meu primo, e uma garotinha pela mão, minha prima. Foi aquela festa entre ela e minha mãe. Eu e meus irmãos ficamos deslocados. Eu, principalmente. Não tinha gostado dali. Era uma gaiola, para quem sempre vivera livre e viera de uma casa com um quintal imenso e cheio de mangueiras. Minha irmã, Tetê, estava na cozinha lavando louça e correu a se abraçar com mamãe, ambas chorando. Depois ela pulou em meu pescoço e me deu uma porção de beijos na face. Quase chorei, pois sentia muita saudade da mana, desde quando ela havia sido trazida por titia há alguns anos atrás. Mas contive as lágrimas e engoli o choro – coisa que fazia automaticamente desde quando meus pais se haviam separado.

Mamãe, meus irmãos e eu ficamos em Niterói, no apartamento de Seutônio por pouco tempo. Segundo meu irmão Rodrigo, ele e Helival regressaram a Teresina com mamãe e eu fiquei em Niterói na companhia de nossa irmã Tetê, ambos em casa de nossos tios. O interessante é que esta minha separação de meus irmãos tinha-se apagado de minha recordação. Só sei que eles voltaram para Teresina porque falei com o mano Rodrigo e ele me contou. Acho que a separação foi tão dura para mim, que eu a reprimi de minha lembrança consciente. Nós éramos muito unidos, os três. Eu os havia adotado como meus filhos, apesar de nossa pouca idade. Meu “esquecimento” do fato só se explica em função da dor que a separação me causou. O primeiro episódio de separação traumática em minha vida aconteceu quando meu pai e minha mãe se separaram. A primeira vez que isto ocorreu foi quando ele se viu obrigado a fugir de Teresina porque, como policial, tinha descoberto que o Prefeito da cidade era quem mandava colocar fogo nas casas de telhado de palha para obrigar os teresinenses a cobrir suas casas com telha, visto que ninguém obedecia à Lei que mandava que se substituísse a velha cobertura por outra, mais moderna e mais segura contra o besouro portador da doença de Chagas. Papai havia sido encarregado da investigação, mas não lhe disseram que era somente uma “manobra para inglês ver”. Então, quando ele descobriu o que acontecia, denunciou o prefeito e este mandou matá-lo. Lembro que sua fuga se deu de madrugada. Havia muita agitação na casa da rua da Estrela e fazia frio. Papai subiu no velho caminhão Ford que o levaria para a fronteira de Pernambuco, na cidade piauiense de Paulistana, de onde nunca mais voltaria para nossa companhia em Teresina, pois lá viria a conhecer a mulher pela qual se separou de nós pela segunda vez e com quem viveu até seu desencarne, no Rio de Janeiro. O choque daquele acontecimento foi muito traumático para mim e creio que foi dali que aprendi a reprimir as recordações de separações muito dolorosas emocionalmente.

Minha vida, que jamais foi calma, entrava em nova fase de conturbação.

HISTÓRIA DE UM CÃO

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Eu tive um cão. Chamava-se Veludo.

Magro, asqueroso, revoltante, imundo.

Para dizer em uma palavra tudo,

Foi o mais feio cão que houve no mundo.

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Recebi-o das mãos de um camarada

Na hora da partida. O cão, gemendo,

Não me queria acompanhar por nada.

Enfim, malgrado seu, o vim trazendo.

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O meu amigo, cabisbaixo, mudo,

Olhava-o. O Sol nas ondas se abismava.

“Adeus!” me disse. E ao afagar Veludo

Nos olhos seus o pranto borbulhava.

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“Trata-o bem. Verás como o rafeiro

Te indicará os mais sutis perigos.

Adeus! E que este amigo verdadeiro

Te conserve num mundo ermo de amigos”.

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Veludo a custo habituou-se à vida

Que o destino de novo lhe escolhera.

Sua rugosa pálpebra sentida

Chorava o antigo dono que perdera.

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Nas longas noites de luar brilhante,

Febril, convulso, trêmulo, agitando

A cauda Caminhava errante

À luz da Lua tristemente uivando.

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Toussenel, Figuier e a lista imensa

Dos modernos zoológicos doutores

Dizem que o cão é um animal que pensa.

Talvez tenham razão esses senhores.

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Lembro-me ainda. Trouxe-me o correio,

Cinco meses depois, de meu amigo

Um envelope fartamente cheio.

Era uma carta. Carta? Era um artigo!

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Contendo a narrativa miúda e exatada

Da travessia, dava-me importantes

Notícias Do Brasil e de La Plata.

Falava em rios e árvores gigantes.

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Gabava o “steamer” que o levou.

Dizia que ia tentar inúmeras empresas.

Contava-me também que a bordo havia

Toda sorte de risos e belezas.

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Assombrara-se muito da ligeira

Moralidade que encontrou a bordo.

Citava o caso d’uma passageira…

Mil coisas mais de que não recordo.

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Finalmente, por baixo disto tudo,

Em nota bene do melhor cursivo,

Recomendava o pobre do Veludo,

Pedindo a Deus que o conservasse vivo.

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Enquanto eu lia o cão, tranqüilo e atento

Me contemplava e – creia que é verdade –

Vi comovido, vi neste momento

Seus olhos gotejarem de saudade.

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Depois, lambeu-me as mãos humildemente,

Estendeu-se aos meus pés, silencioso,

Movendo a cauda adormeceu contente

Farto dum puro e satisfeito gozo.

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Passou-se o tempo. Finalmente um dia

Vi-me livre daquele companheiro.

Para nada Veludo me servia.

Dei-o à mulher de um velho carvoeiro.

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E respirei. “Graças a Deus já posso”,

Dizia eu, “viver neste bom mundo,

Sem ter que dar diariamente um osso

A um bicho vil. A um feio cão imundo”.

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Gosto dos animais. Porém prefiro

A essa raça baixa e aduladora,

Um alazão inglês de sela ou tiro,

Ou uma gata branca, cismadora…

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Mal respirei, porém, quando dormia,

E a negra noite amortalhava tudo,

Senti que à minha porta alguém batia.

Fui ver quem era. Abri. Era Veludo!

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Saltou-me às mãos, lambeu-me os pés ganindo

Farejou toda a casa satisfeito.

E de cansado foi rolar dormindo

Como uma pedra junto de meu leito.

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Praguejei furioso. Era execrável

Suportar este hóspede importuno

Que me seguia como um miserável

Ladrão ou como um pérfido gatuno.

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E resolvi, enfim. Certo é custoso

Dizê-lo em alta voz e confessá-lo.

Para livrar-me desse cão leproso

Havia um meio só: era matá-lo.

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Zunia a asa fúnebre do vento.

Ao longe o mar, na solidão gemendo,

Arrebentava em uivos e lamentos.

De instante a instante ia o tufão crescendo.

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Chamei Veludo. Ele seguiu-me. Entanto

A fremente borrasca me arrancava

Dos frios ombros o revolto manto.

E a chuva meus cabelos fustigava.

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Despertei um barqueiro.

Contra as ondas coléricas vogamos.

Dava-me forças o torpe pensamento.

Peguei num remo e com furor remamos.

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Veludo à proa olhava-me choroso,

Como um cordeiro no final momento.

Embora! Era fatal! Era forçoso,

Livrar-me enfim desse animal nojento.

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No alto mar ergui-o nos meus braços

E arremessei-o às ondas, de repente.

Ele gemeu movendo os membros lassos,

Lutando contra a morte, era pungente.

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Voltei à terra… Entrei em casa…

O vento zunia sempre na amplidão, profundo,

E pareceu-me ouvir o atroz lamento

De Veludo nas ondas moribundo.

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Mas ao despir dos ombros meus o manto

Notei – oh, grande dor –,

haver perdido uma relíquia

Que eu prezava tanto.

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Era um cordão de prata. Eu tinha-o unido

Junto ao meu coração constantemente,

E o conservava no maior recato,

Pois minha mãe me dera essa corrente

E suspensa na corrente, o seu retrato.

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Certo, caíra além, no mar profundo,

No eterno abismo que devora tudo.

E fora o cão, fora esse cão imundo

A causa de meu mal. Ah, se Veludo

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Duas vidas tivera, duas vidas eu arrancara

Àquela besta morta, àquelas vis

entranhas Corrompidas…

Nisto, senti uivar à minha porta.

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Corri… Abri… Era Veludo. Arfava.

Estendeu-se a meus pés e docemente

Deixou cair da boca que espumava,

A medalha suspensa da corrente.

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Fora crível, Oh, Deus! Ajoelhado junto ao cão,

Estupefato, absorto, palpei-lhe o corpo

Estava enregelado. Sacudi-o.

Chameio-o. Estava morto.

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NOTA: Já não me recordo do nome do autor da poesia.

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